terça-feira, 6 de novembro de 2012

...


Havia falado o dia todo. Deu aula, falou à esposa como desejava seu almoço, cumprimentou o porteiro, imitava o Drácula para sua filha. De repente, começou a achar que era necessário estacionar por considerar cansativo toda essa movimentação. Estava cansado de ir sempre para frente sem olhar para trás. Seria possível deixar de lado essa inércia em que todos lhe conduziam?

Queria falar pouco naquele dia. Era sua apresentação final em sala de aula. Queria dar adeus àquela vida de comunicação. Ansiava pelo momento em que poderia terminar de falar, encerrar suas possibilidades de dizer o que pensava.

Depois de agradecer à garçonete por ter trazido seu café depois um jantar morno que havia pedido, se calou. E nunca mais falou qualquer palavra que fosse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário