terça-feira, 13 de abril de 2010

Baú de Aperreio



Queria lhe pedir, por obséquio, que você se retirasse. não, não pense que faço isso com todos, mas é que.. sabe... é complicado. Só não quero você zanzando por aqui, me conhecendo por dentro, ou, quem sabe, pensando sei-la-o-que de mim. Não quero ninguém metido a Freud tentando desintoxicar meus pensamentos. deixe que eu compro meus adesivos antipodreira que posso me curar sozinho. Essa é uma de minhas terapias: despojar tudo que vem de dentro nesse lugar. Nessa salinha minúscula onde cabe tudo o que me aperreia. Mentira, não é uma sala minúscula: é uma sala com portas enormes e medindo três vezes o Pacaembu, onde posso despejar litros e litros de desagrado. Lá, já protocolei tudo o que tem. Posso ler a lista pra tu, vê só. Pronto.


Lá, tem as manias do meu avô, que fica trancando a casa toda sem a menor necessidade e ainda fica checando - sempre cinco vezes - se os cadeados estão mesmo trancados. Também tem o jeito que meu primo escova os dentes, rodando e girando a escova duzentas vezes em cima do mesmo dente e cuspindo a água pra cima antes de jogar na pia. Não vou nem mencionar quando minha esposa me chama de bebê, nem quando meu chefe arqueia a sobrancelha pra dizer que tá desconfiado de mim.

Ah, nem me fale de quando meus amigos começam a falar de baseball por tempo suficiente pra me deixar irritado por não saber nada disso. Existe alguma coisa mais irritante? Sim, muitas outras, mas que não vou deixar você ver por que são minhas tá? E não julgue, seu metido a Jung! Pensa que não sei da sua vida? Que você todo dia acorda e toma banho? Que toda noite você dorme e escova os dentes? Eu sei, sim, viu? Agora, me aguarde, por que eu vou contar tudo! Basta você dar um deslize.



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