sexta-feira, 2 de outubro de 2009

(des) Manchado



Sério. Sisudo. Em direção a Camaragibe. O sol escaldante das oito horas. Derretia. Talvez deixasse sua expressão ainda mais estranha. O branco da fronte, o vermelho do sorriso. Tudo no seu rosto se desmanchava. Uma possivel expressão alegre. Nada surgia. Fone no ouvido. Subiu sem nada falar. Nem tentou expressar. Pensei que pediria dinheiro. Campanha, talvez. Nada. Parecia infeliz.

- Olha, mãe, o palhaço. - ouviu da criança próxima à catraca.

Não sorriu. Nem bocejava. Infelicidade. É. Como alguém que vende felicidade pode estar assim? (pensam os otimistas) Todos nós não prometemos isso? Felicidade. A nós mesmos. Aos outros.

- Vou te amar pra sempre - ouviu no mp3.

- Até parece. - pensou

Desci pouco depois. Ele continunou até chegar à estação. Ia pra casa? Ia pro parque? Conjetura. Propõe. Imagina o pensador. Mas somente aquele palhaço anônimo pode dizer o que sentia. Talvez nem conseguisse dizer. Tudo o que sua máscara demonstrava se desfazia. Sentia seu oposto. Fazia seu contrário. Queria gritar, esmurrar, apontar. Atirar, enfim. Atirar sua vida longe. Explodia algum rosto. Pra não precisar olhar ou expressar algo.

Morreu naquele mesmo dia?

Simplesmente retocou o vermelho pra seguir em frente.


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