sábado, 20 de julho de 2013

estante

Era disso. Era daquilo. Era um indeciso que pouco sabia o que queria da existência. Pouco a ver com sua capacidade de olhar, mas de saber desejar. Desejava tudo e a todos sem pestanejar. Como escolher? Deixou de lado a consciência e passou a seguir si mesmo. Na estante, estanque, esquecida.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Mal Artista


Era o que ele precisava ouvir daquela vez. Sempre, na verdade. Sentia-se, de certa forma, um parasita que desejava somente obter dos outros alguma manifestação de carinho que lhe fizesse seguir. Subia toda noite naquele mesmo palco. Posicionava todos os dias a mesma câmera. Apontava cuidadosamente o mesmo lápis e escolhia o papel. Não era ator, cineasta ou desenhista, mas queria ser artista. Sabia que era. Alguém, um dia, lhe disse que ele poderia sê-lo. Acreditou.

Viu tantos outros amigos e conhecidos criarem carreiras e ele temia. Resguardava-se. Escondia tudo que fazia para que não fosse ridicularizado. Era esse seu sentimento. Tinha medo de tudo, na verdade. De ser esquecido, desajeitado, nulo. Fugiu de todos...

.. mas, acima de tudo, de si mesmo. 

No final, viu como foi viver diante dos olhares dos outros. Na verdade, os outros não estavam olhando pra ele, mas ele achava isso. Ninguém estava lá para apontar seus erros de português, sua performance desajeitada ou seus quilos a mais. Na verdade, até tinha pessoas assim, mas não fariam diferença pra ele. Se tivesse seguido em frente, não seria alguém genial como o cara que inventou a roda, mas nem precisava.

Afinal, escrever 'mal' ou 'mau' tornava ele um mal artista?